Albert Dürer (1471-1528), célebre pintor e gravador alemão, gozou do apoio e proteção de vários soberanos, como os imperadores da Alemanha Maximiliano I, de Habsburgo, e Fernando I, e o rei da Espanha e Alemanha Carlos V, que lhe deu um título de nobreza e fez dele o seu pintor oficial. Foi amigo de personalidades nos mais diversos campos de atividade: Erasmo, Lutero, Leonardo da Vinci e Ticiano.
Uma de suas obras mais conhecidas e enigmáticas é a famosa Melencolia, repleta de simbolismo alquímico e astrológico. Há quem veja nela a representação da passagem de uma era para outra, dos Peixes para o Aquário. Na gravura, datada de 1514, vê-se um cometa ao fundo por trás de um arco íris; sem dúvida o artista reproduziu o cometa que viu passar durante os anos de 1513-1514. Como o astro se inclina para a Balança, um de seus significados pela conotação de prenúncio de calamidade é o de Fim dos Tempos, pois este signo se relaciona com o Juízo final. Na parte direita da gravura, uma ampulheta sobre um Quadrante Solar, representa a precipitação dos eventos do período final do ciclo terrestre, enquanto a escada de sete degraus poderia simbolizar os Sete Milênios, as idades do mundo.
A palavra Melencolia, bem como a Virgem pensativa, reforça a conotação de ocaso presente na obra; o temperamento melancólico é o último dos quatro temperamentos da medicina tradicional de Hipócrates e corresponde analogicamente à Idade de Ferro. O cometa, astro de fogo, simboliza o Sol da Justiça que provocará a completa renovação do mundo ao incendiar a Terra, destruição que assinalaria também o advento de um novo ciclo terrestre, uma nova Idade de Ouro.
A riqueza simbólica da obra de Dürer tornou-o uma figura lendária, e muitos acreditam que o artista teria sido um verdadeiro iniciado nos misterios alquímicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário