sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

EDITORIAL


A “mais persistente alucinação do homem” segundo Franz Cumont, “puta da Babilônia”, “filha tola e infame da astronomia” segundo Kepler, “dama desonrada” segundo o escritor Walter Scott, são muitos os adjetivos recebidos pela astrologia por parte de seus adversários e detratores. No entanto, a verdade é que ela tem atravessado os séculos sem perder o crédito, pelo menos entre o povão e não é sem motivo que Rudolf Thiel afirmou ser a astrologia o movimento espiritual mais bem sucedido de todos os tempos. Por mais que os astrônomos a reneguem, os céticos a escarneçam e os religiosos esperneiem à sua menção, ela continua de pé desafiando o tempo e sobrevivendo até mesmo aos astrólogos ignorantes, aos fabricantes de horóscopos de jornais, aos seus detratores e, sobretudo, aos misticóides que sem nenhum conhecimento astrológico apelam para ela para justificar suas profecias estapafúrdias. 

Texto de Bira Câmara

Arte divinatória injustamente caluniada pelos homens de ciência, a astrologia gozou de grande prestígio entre reis e príncipes na antigüidade. Alexandre, o Grande, consultava astrólogos e se guiou pelas suas predições ao conquistar o mundo. Júlio César, diz-se, era conhecedor e praticante da ciência dos astros. Cleópatra chegou a “plantar” um astrólogo (Seleuco) ao lado de Marco Antônio, para melhor manipulá-lo. Otávio Augusto teve a sua ascensão e o seu império fulgurante prognosticado por um astrólogo ao nascer. Tibério não só consultava astrólogos (teve ao seu lado o grande Trasilo), como também praticava a astrologia com rara perspicácia. Nero jamais se arrependeu de seguir a risca os conselhos do seu astrólogo Barbílio (filho de Trasilo). Sétimo Severo foi buscar na Ásia uma esposa para fazer cumprir-se as predições dos astros. Marco Aurélio acreditava na astrologia, bem como Adriano, Vespasiano, Alexandre Severo e Juliano. Frederico II teve em Michel Scott, astrólogo, sua eminência parda. Os reis portugueses da época dos descobrimentos marítimos jamais desprezaram as orientações de seus astrólogos judeus. D. Duarte, o único que ignorou seus conselhos, pagou caro por isso. Elizabeth I, da Inglaterra, tinha John Dee, astrólogo, como seu conselheiro particular. Catarina de Médicis teve uma legião de astrólogos a seu serviço. Kepler serviu a Rodolfo II e ao duque de Wallestein como astrólogo e Galileu ao duque da Toscana. Richelieu e Luís XIV consultavam Morin de Villefranche, o último grande astrólogo da tradição antiga.

Até o século dezesseis, raros foram os reis, príncipes ou papas que não tiveram a seu serviço estes audaciosos praticantes da ciência das estrelas. E nem mesmo o decréscimo de credibilidade após o decreto de Colbert, em 1666, banindo a astrologia das universidades impediu que ela continuasse a seduzir os poderosos. Napoleão também teve o seu astrólogo particular e conta-se que sua carreira começou a declinar quando deixou de ouví-lo. No século vinte, nazistas e aliados lançaram mão de astrólogos e de predições astrológicas como arma de guerra.

Evita Peron, na Argentina, promoveu seu astrólogo (Lope Rega) ao cargo de ministro do Bem Estar Social. O presidente Reagan, que passou à história por ter dado fim à Guerra Fria, foi orientado pela astróloga Joan Quigley.

Em minhas pesquisas, não descobri nenhum governante que tenha se arrependido de ter ouvido os conselhos de seus astrólogos, muito pelo contrário. Já o mesmo não se pode dizer dos economistas, cuja ciência (embora de origem muito mais recente) tem levado governantes à desgraça e nações à bancarrota.

Texto de Bira Câmara

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