quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A morte de Ivan, o Terrível

Ivan o Terrível (1530-1584), que livrou a Rússia dos selvagens conquistadores tártaros, fez jus a seu nome por conta do exagero de crueldade que usava nas suas matanças. Segundo palavras de Alexandre Dumas,”durante quatorze anos alcançou os primeiros graus do sublime; durante trinta, os últimos limites do horrível. Perto dele, Calígula é uma pomba; Nero, um carneiro”. 

Texto de Bira Câmara

Ivan Vassiliévitch Grozny,  grão-duque de Moscou desde os três anos de idade, foi o primeiro governante a utilizar o título de czar (césar, ou imperador) de todas as Rússias. 

Um pouco antes de sua morte mandou decapitar um príncipe e seu filho; outro nobre, acusado de conspirar para destroná-lo, obrigou-o a sentar-se em seu trono e o matou a punhaladas; já outro príncipe foi assado vivo num fogareiro; seu tesoureiro, junto com seus quatro filhos, foi cortado em pedaços; quanto ao príncipe Voro­tinsky, não se safisfez somente em queimar vivo, mas atiçou pessoalmente o braseiro; um de seus condenados, que tentou fugir disfarçado de monge, foi obrigado a sentar-se num barril de pólvora e mandado aos ares, com a seguinte sentença de Ivan: “Os cenobitas são os anjos que devem ser enviados ao céu.”  Espirrou sopa fervente no seu bufão e, como este não riu da brincadeira, matou-o com um golpe de cutelo; um de seus cortesãos teve uma orelha cortada e agradeceu a Ivan lhe deixar a outra...

Um cometa apareceu na Rússia em 1584 e Ivan, vendo nele o prenúncio de sua morte, convocou magos e astrólogos para confirmar o prenúncio de sua morte, entregou-lhes uma casa em Moscou e mandou seu favorito, Belsky, confabular com eles diariamente. Depois, como os astrólogos prognosticaram o seu fim, subiu ao terraço de uma igreja e fez a confissão pública de suas culpas, pedindo humildemente orações aos pobres e indicando o seu filho como sucessor ao trono. No dia assinalado como o de sua morte pelos astrólogos, anunciou que seriam estes que morreriam e não ele. Em seguida resolveu jogar uma partida de xadrez com Belsky, mas ao tocar o primeiro peão soltou um grito, levantou-se, caiu para trás em seu leito e morreu.

Fonte: 
Alexandre Dumas, En Russie: impressions de voyage (Le Caucase: impressions de voyage), 1907


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