sábado, 22 de janeiro de 2022

A Estrela de Caxias


Em 19 de março de 1843, o Duque de Caxias (então Barão), na Presidência e Comando das Armas da Província do Rio Grande do Sul, iniciava a marcha triunfal que colocaria fim à Guerra dos Farrapos, uma luta fratricida que já durava 8 anos. O Exército que iria comandar estava a pé, no Passo São Lourenço, e, para remontá-lo executou uma ousada e bem sucedida manobra, transportando por grande distância (desde o Rincão dos Touros em Rio Grande, passando por Pelotas, São Lourenço, Camaquã e Tapes), 7.000 cavalos que devolveram a mobilidade àquelas tropas cujo comando lhe fora destinado.

Neste dia, “seus soldados divisaram nos céus um fenômeno jamais visto. Era um enorme cometa que os soldados logo batizaram – É a boa estrela do nosso general barão de Caxias! É a Estrela de Caxias!”

A notícia se espalhou pelo Exército como um rastilho de pólvora e logo chegou ao povo gaúcho e aos acampamentos dos farrapos em Alegrete, onde estavam reunidos em Constituinte. No imaginário popular os cometas sempre foram associados a eventos nefastos e nesta ocasião não foi diferente; somado a isso, a reputação de Caxias acabou levando-os a acreditar que o fenômeno era um mau presságio à causa.

A enorme cauda do cometa apontava justamente para o Alegrete! Enquanto durou a marcha de Caxias, de 16 a 30 de março, durante todo o seu itinerário o astro cabeludo foi visto no céu. Em 30 de março, Caxias, o seu Exército e a sua "Estrela " chegavam a Alegrete...

"Estrela de Caxias" pintado no Rio de Janeiro em 1843 por José dos Reis Carvalho, mestre de Desenho da Escola Naval (imagem obtida do site da AHIMTB) Foto restaurada com auxílio de computação, pelo Capitão-de-Fragata Carlos Norberto Stumpf Bento

Este cometa, que no Rio Grande ficou conhecido como a "Estrela de Caxias" foi designado nos anais de Astronomia de Cometa Brilhante de 1843. Tinha um brilho tão intenso que foi observado à luz do dia em diversos pontos do globo terrestre. O imperador D.Pedro II, um amante da astronomia,  também o observou e registrou que a sua cauda quase atingia o zênite.

Fonte: Cláudio Moreira Bento, A ESTRELA DO DUQUE DE CAXIAS (Folclore gaúcho), site da Academia de História Militar Terrestre do Brasil,  www.resenet.com.br/users/ahimtb


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