domingo, 29 de janeiro de 2012

Predições antológicas

gordiano 1

Conta-se que Gordiano, o velho, que havia sido governador da Grã-Bretanha romana em 216 e cônsul durante o reinado de Heliogábalo, um dia consultou um astrólogo sobre o destino de seu filho e ouviu em resposta que ele seria filho, pai de imperador e imperador também. E, como Gordiano risse, o astrólogo lhe mostrou a configuração dos astros, citando passagens de velhos livros, para provar que tinha dito a verdade. Predisse também ao velho e ao jovem, o dia e o gênero de suas mortes, os lugares onde morreriam, com firme convicção da verdade. Gordiano I, o velho, e Gordiano II - pai e filho -, tornaram-se imperadores, mas permaneceram no poder por um tempo ínfimo. Sendo o primeiro descendente de Trajano, foi nomeado imperador pelos africanos durante uma sublevação contra o imperador (Máximo Trácio) e governou apenas três semanas; em 238 foi derrotado em Cartago pelo procurador da Numídia. Neste mesmo ano, o filho morreu na defesa de Cartago. Sucedeu-os, Gordiano III, o piedoso, imperador de 238 a 244.

Atribui-se ao imperador romano Caracala (imperador de 211 a 217), o assassinato de possíveis sucessores ao trono do império, baseado em “diagramas de posições siderais”. Apesar de matar muita gente cujos horóscopos prometiam elevação, Caracala não percebeu nada que o ameaçasse em Gordiano, o velho. Autor de um longo poema épico em sua homenagem chamado Antoninias, tornou-se imperador, embora por um breve espaço de tempo (três semanas).

Caracala parece ter tido a mesma convicção total na astrologia que o seu pai Sétimo Severo. Muitos astrólogos foram chamados para o aconselhar, e vários deles – o egípcio Serápio, Asclétion, e Larginus Proculus – o preveniram que ele não viveria muito tempo e que o seu sucessor seria Macrinus, um prefeito. Asclétion foi executado, Larginus Proculus foi condenado à execução imediatamente depois da data que tinha predito para a morte de Caracala, e Serápio foi lançado a um leão (que apenas lambeu-lhe a mão e, assim, uma execução mais prosaica teve de ser providenciada).

250px-Alexander_Severus_Musei_Capitolini_MC471Alexandre Severo, último dos imperadores romanos da dinastia dos Severos, que reinou entre 222 e 235, era astrólogo, mas não fazia alarde desta habilidade. Todavia, encorajou os astrólogos profissionais a se organizarem em um corpo para transmitir o seu conhecimento de uma maneira disciplinada, anunciando-se de fato como professores. Fundou cátedras para astrólogos mantidas pelo Estado, com bolsas para os estudantes. Seu interesse pelas estrelas era tão grande que foi comparado ao astrólogo da fábula que, com os olhos no céu, cai desastradamente num poço. 

O astrólogo Trasíbulo, seu amigo íntimo, disse-lhe que ele morreria pela espada dos bárbaros. O imperador ficou lisonjeado de início, porque desejava uma morte guerreira e digna de um imperador. Depois, pôs-se a dissertar, para demonstrar que todos os grandes homens tinham perecido de morte violenta, citando Alexandre o grande, Pompeu, César, Demóstenes e outros personagens insignes que não tinham morrido pacificamente. Exaltou-se a ponto de julgar-se comparável aos deuses se morresse na guerra. Mas a predição cumpriu-se apenas em parte, pois morreu sob a espada de um soldado romano durante um motim… Era bem intencionado, tratou bem os cristãos, mas não tinha apoio político e militar.

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