Mesmo considerada uma atividade marginal e desacreditada no século vinte, ainda assim a astrologia continuou a seduzir os governantes. No Brasil, sabe-se que Getúlio Vargas era cliente de Demétrio de Toledo, que havia sido cônsul brasileiro em Paris e estudado com o astrólogo Don Neroman. Autor do livro “Eis a Astrologia”, publicado em 1943, formou e ensinou astrólogos, além de ministrar curso de Astrologia por correspondência e editar a revista Sombra e Luz, entre 1934 e 1937. Na Argentina, o astrólogo Lopes Rega, de triste memória, foi secretário particular de Perón e tornou-se até ministro de Estado...
José Lopez Rega, astrólogo argentino, nasceu em 17 de outubro de 1916 e morreu em 9 de junho de 1989 em Buenos Aires. Autor de um volumoso livro intitulado “Astrologia Esotérica”, foi secretário particular do ditador Perón durante seu último exílio na Espanha e voltou para a Argentina com ele em 1973. Uma de suas incumbências nesta função era levantar horóscopos para orientá-lo nas suas decisões. Teve grande influência na volta do velho político ao poder e chegou a ser guindado ao cargo de ministro do Bem Estar Social. Seus inimigos o chamavam de “Rasputin argentino” e a imprensa deu-lhe o cognome “El Brujo”. Rega ostentava o titulo de “doutor em astrologia”, que seus adversários diziam ser falso.
Perón conheceu Rega no Panamá, ao fazer uma peregrinação por vários países latino-americanos depois de ter sido derrubado em 1955 por um golpe militar. Foi o astrólogo que o apresentou a Isabelita – Maria Estela Martínez –, uma cantora e bailarina de cabaré 30 anos mais nova que ele. Isabelita tornou-se a secretária do presidente, até casar-se com Perón em Madrid, no ano de 1961. A influência do astrólogo sobre o casal era muito grande. Nesta época Perón atraía um grupo heterogêneo de seguidores, incluindo desde jovens esquerdistas bem intencionados, até delinqüentes e assassinos da extrema direita.
Além de tornar-se ministro, Rega acumulou também o cargo de Comissário de Polícia, postos que lhe outorgavam um poder muito amplo. Foi graças ao seu trabalho de bastidor que Isabelita foi nomeada para a vice-presidência, e, quando ela chegou à presidência em 1974 depois da morte do marido, seu poder aumentou ainda mais, incluindo a coordenação de todas as secretarias subordinadas à presidência. Em setembro de 1974, López Rega montou o Gabinete composto de seus principais aliados e pôs em prática um projeto de governo que resultou em estranha combinação de nacionalismo de ultra-direita com pitadas de liberalismo ortodoxo na política interna e perfil terceiro-mundista pró-árabe (e anti-semita) na política exterior.
Na primavera de 1975, com a inflação em alta e os preços descontrolados, sob o constante ataque da esquerda peronista, que o denunciava como fascista, López Rega foi acusado pelo Congresso Peronista deste ano de ter instigado a criação da Aliança Anticomunista Argentina (também conhecida como a Tríplice A), um dos primeiros esquadrões da morte que se formou na Argentina nos anos 70. Com efeito, Rega ditava ordens diárias de expulsão a deputados, atores, jornalistas e cantores suspeitos de professar o “marxismo-judaico”, eliminando inimigos à esquerda. Conta-se que ele passeava de madrugada pelos jardins da residência oficial da presidência com o fardão de general de Perón. Mas, suas bruxarias não impediram o golpe militar contra Isabelita.
Em 11 de Julho de 75, renunciou e viajou para a Espanha logo depois de ter sido designado apressadamente embaixador extraordinário por Isabel Perón. Depois que ela foi derrubada pelos militares em 1976, Rega passou dez anos fugindo da justiça. Em 1986 foi preso nos Estados Unidos e extraditado para a Argentina, onde morreu enquanto esperava o julgamento.
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