segunda-feira, 29 de setembro de 2003

OANNES, A ORIGEM ANEDÓTICA DA ASTROLOGIA

 
A origem da astrologia remonta aos primórdios da humanidade. Segundo Berósis, o sacerdote caldeu que a introduziu na Grécia no século III A.C., ela foi transmitida aos homens por um ser fantástico, metade peixe e metade homem, que emergiu do oceano e ensinou tudo o que é humano ao
homo sapiens, há mais de 5.000 anos atrás. De acordo com esta lenda, Oannes transmitiu aos sumerianos as letras, as artes e as ciências. Isso aconteceu na Babilônia, naquela região onde a civilização começou e que atualmente compreende o deserto do Kuwait, o Irã e o Iraque, exatamente onde a tradição situa também a localização geográfica do bíblico jardim do Éden. 

Texto de Bira Câmara

O relato abaixo foi extraído da história da Mesopotâmia escrita por Berósis, cujo trabalho só sobreviveu em fragmentos registrados por historiadores gregos mais recentes:

“Na Babilônia havia (nesta época) um grande contingente de povos de várias nações, que habitavam a Caldéia e viviam sem lei como as bestas do campo. No primeiro ano apareceu por lá, naquela parte do mar da Eritréia que margeia a Babilônia, um animal destituído de razão [provavelmente Berósis quis dizer que Oannes estava temporariamente inconsciente ou desorientado], chamado Oannes, cujo corpo inteiro (de acordo com o relato do historiador grego Apolodoro) era como de um peixe, e sob a cabeça do peixe tinha outra cabeça, com pés também em baixo, semelhante aos de um um homem, acrescidos ao rabo do peixe. A sua voz e o seu idioma também eram articulados e humanos, e uma representação de sua figura em baixo relevo foi preservada até hoje.  

“Este Ser passava o dia entre os homens; mas não aceitava nenhum alimento em sua companhia; e iniciou-os na escrita, nas ciências e em todas as artes. Ensinou-os a construir cidades, fundar templos, estabelecer leis, e explicou-lhes os fundamentos do conhecimento geométrico. Mostrou-lhes também como distinguir as sementes da terra e como colher frutos; em suma, instruiu-os em tudo que pudesse suavizar-lhes os costumes e humanizar suas vidas. Desde aquele tempo, nenhuma matéria foi acrescentada como melhoria às suas instruções. E quando o sol se punha, este Ser Oannes, retirava-se novamente para o mar e passava a noite nas suas profundezas, pois era anfíbio. Depois disto apareceram outros animais como Oannes.”  
  -Berósis, de Fragmentos Antigos de Isaac Cory

Entre as duas hipóteses fico com a última, já que a narrativa de Berósis não fala de uma suposta origem celeste para Oannes. Aliás, não deixa de ser curioso que justamente a astrologia, a “ciência das estrelas”, tenha sido ensinada aos homens por um ser proveniente do mar!


Esta origem anedótica da civilização, e por extensão também da astrologia, tem intrigado os estudiosos. O relato de Berósis fala em outros seres fabulosos que vieram depois, todos com a mesma forma de peixe misturada a de homem; o segundo, proveniente do golfo Persa, recebeu o nome sugestivo de... Anedotus!

Seja qual for o lugar de onde surgiram estes seres, o fato é que a tradição consagra à astrologia a condição de um conhecimento “revelado” por entidades sobrenaturais descritas como semi­demônios ou “animais dotados de razão”. Não seria, portanto, uma criação humana nem um ensinamento transmitido por deuses celestiais.

Se a astrologia é uma ciência revelada, proveniente de uma civilização superior e desconhecida, e foi ensinada aos homens quando ainda se encontravam num estágio de desenvolvimento intelectual e tecnológico muito primitivo, é lógico que esta ciência não foi assimilada por eles senão às custas de um rebaixamento, de uma simplificação grosseira, o mesmo que aconteceria se um professor de física pretendesse ensinar a teoria da relatividade a um selvagem que não teve nenhum contato com a civilização. Isso explicaria a aparente falta de coerência científica dos fundamentos da astrologia tradicional e os seus resultados práticos tão surpreendentes.

O mistério da astrologia permanece indecifrável até hoje; talvez este mistério seja responsável pelo fascínio que exerce sobre os homens e faça com que em pleno século XXI – a despeito do ceticismo da comunidade científica – ela continue conquistando adeptos e estudiosos no mundo inteiro.




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